Treze meses depois de abrir escritório no Brasil, a divisão Playstation da Sony vai se dedicar, no próximo ano, a mudar a maneira como seus produtos são vendidos no varejo do país. O objetivo é massificar a venda de jogos – que, segundo o diretor da divisão, Anderson Gracias, é ignorada pelos grandes varejistas brasileiros, apegados à venda de consoles.
O varejo brasileiro está completamente viciado em consoles. Isso está completamente errado. O hardware não dá dinheiro para a indústria de vídeo games. Na verdade, temos prejuízo quando vendemos consoles. O dinheiro mesmo está na comercialização de jogos – disse Gracias, em palestra a jovens desenvolvedores na feira Brasil Game Show, evento patrocinado pela Sony. – Hoje, o consumidor que vai a um grande varejista encontra o vídeo game em uma estante ao lado de uma batedeira! E os jogos vendidos são pouquíssimos. É claro que os grandes varejistas ainda estão relutantes, mas vamos propor mudar isso.
O plano da Sony é aumentar o número de títulos disponíveis no varejo de massa e incentivar as redes a deixarem o consumidor experimentar os jogos na própria loja. A empresa vai investir no desenvolvimento de postos de vendas exclusivos para supermercados e lojas do tipo Ponto Frio e Casa Bahia , com direito à TV, consoles e muitos jogos. Um dos modelos – um espaço de 2,5m por 2,5m com uma grande poltrona – já vem sendo experimentado em um Carrefour de São Paulo. Em Campinas, segundo Gracias, também tem sido testados displays e estantes, inclusive em lojas especializadas em games.
A empresa está de olho – como todos os setores da indústria, aliás – na emergência das classes C e D. Estima-se que o Brasil tenha 40 milhões de usuários de vídeogames e 70 milhões de internautas. Gracias também destacou as condições de pagamento oferecidas pelo grande varejo.
As lojas especializadas são nossas grandes parceiras, mas não dá para ter um negócio de games no Brasil contando apenas com elas. É preciso massificar, atingir escala. E o mercado brasileiro tem potencial para isso. Metade das vendas do jogo “God of War 3″ na América Latina ocorreram no país – disse o diretor da divisão nacional do Playstation, que confirmou que no próximo ano também sairá a Playstation Network Brasil, para alívio dos gamers.
Em 2011, a Sony também quer trabalhar para reduzir a tributação de vídeo games no país, diminuindo o recolhimento de IPI pelo setor de 50% para 20%.
O Brasil taxa games como jogos de azar, o que não é certo. A saída é fazer lobby em Brasilía, e a Sony, juntamente com outras empresas da área, já teve reuniões positivas com o governo. A manutenção dos integrantes do governo no próximo mandato também trouxe alívio, pois não precisaremos retormar as conversas do início – disse Gracias, que afirmou que a Sony vê com bons olhos, mas sem apoiá-lo oficialmente, o movimento Jogo Justo , que trabalha pela redução dos preços de games no país.
O executivo criticou também o fato de haver poucos dados confiáveis sobre o mercado de games no Brasil, mas apresentou números segundo os quais o Playstation lidera. De acordo com Gracias, a matriz de consoles brasileira é a seguinte: da Sony, há 5 milhões de Playstation 2; 750 mil de Playstation 3; 200 mil de PSP; da Nintendo, haveria 230 mil Wiis e 200 mil Nintendo DS; da Microsoft, estima-se que haja 300 mil Xbox 360.
Outras prioridades da divisão Playstation no Brasil para 2011 são consolidar as vendas do Playstation Move (controle sensível a movimento) e expandir a utilização de TVs em 3D pelos gamers.
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